Meditações Bíblicas

Reflexões bíblicas com aplicações práticas nas mais diversas situações do cotidiano

A Reforma Protestante

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Justificados, pois, pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo (Romanos 5:1).

Contexto Histórico

O crescente desprestígio da Igreja do Ocidente, que estava mais interessada no próprio enriquecimento material do que na ajuda e orientação dos fiéis, o surgimento de novas maneiras de pensar e o relaxamento moral do clero foram alguns dos principais fatores que desencadearam a Reforma.

Nos séculos XV e XVI brotaram ideias que contestavam a mentalidade medieval. A nova maneira de pensar estimulava as pessoas a questionarem a riqueza e o poder da Igreja. Nobres, burgueses e pessoas do povo se perguntavam: Por que devemos nos sacrificar pagando tantos impostos à Igreja? Por que preciso deles para entrar em contato com Deus?

Tanto dinheiro e poder acabaram corrompendo grande parte do clero. Muitos eram desonestos, dedicando-se a viver na fartura, em banquetes e orgias. Para piorar a situação, a Igreja começou a ganhar muito dinheiro vendendo indulgências. Quem quisesse receber perdão (indulgência) por seus pecados, precisava pagar uma quantia em ouro para Igreja. Os papas diziam que quem ajudava a Igreja estava ajudando a Deus.

Alguns padres chegaram a vender objetos religiosos que diziam ser legítimos, como, por exemplo, pedaços da Cruz na qual Jesus Cristo havia morrido. É claro que esses pedaços eram falsos. O escritor Erasmo de Rotterdam escreveu ironicamente: Se juntassem todos os pedaços verdadeiros da Cruz de Cristo que a Igreja vende, daria para construir um navio inteiro.

Muito popular também eram os ossos dos mártires e apóstolos. Atualmente estão expostas três cabeças de João Batista, e todas com atestado de legitimidade (ele tinha três cabeças?!?). Entretanto o papado continuava sem dar ouvidos às queixas dos fiéis, chegando a excomungar (expulsar da Igreja) quem fizesse críticas.

Os Precursores da Reforma Protestante

Alguns intelectuais dos séculos XIV e XV podem ser considerados precursores do movimento reformista. Entre eles estava o inglês John Wycliffe professor em Oxford, que denunciou a corrupção do clero e desafiou a autoridade da Igreja, ao afirmar que qualquer um que tivesse fé poderia conseguir a salvação eterna. Suas ideias sobre a salvação pela fé, não pela prática de boas obras, como a compra de indulgências, serviram de inspiração para as 95 teses que expressaram as críticas de Martinho Lutero à Igreja católica.

Outro precursor da Reforma foi o padre Jan Huss, natural da Boêmia, que morreu queimado na fogueira em 1415. Profundo conhecedor dos textos bíblicos e do pensamento de Wycliffe, Huss pregava a obediência estrita às escrituras e denunciou a corrupção e o luxo do clero.

Martinho Lutero: A justificação pela fé

Martinho Lutero (1483 – 1546), monge agostiniano e doutor em teologia pela Universidade de Wittenberg, foi o impulsionador da reforma religiosa na Alemanha. Ele aceitava as ideias de Huss, principalmente no que dizia respeito às propostas de liberdade de culto e de liberdade de consciência individual. Lutero acreditava que a salvação da alma resultava da fé e que as boas obras em nada influenciavam a salvação. A partir dessas ideias, ele combateu a compra de indulgências como passaporte para o reino dos céus.

Em 1517, através de uma bula papal, o papa Leão X, promulgou uma das mais notáveis vendas de indulgências já vistas a Europa. Ele estabeleceu que quem contribuísse para a construção da Catedral de São Pedro em Roma, receberia de Deus o perdão total de seus pecados. Naquele mesmo ano, denunciando a venda de indulgências e a doutrina da salvação pelas obras, Lutero afixou na porta da igreja de Wittenberg, onde era sacerdote, um documento que apontava 95 críticas ao papado, conhecido como as 95 teses de Lutero.

O aparecimento das 95 teses deu início ao confronto entre Roma e o monge. O papa Leão X exigiu que Lutero se retratasse sob pena de ser considerado herege. O monge respondeu à ordem papal queimando publicamente o documento que continha a intimação vinda de Roma. Como consequência foi excomungado.

Em 1530, com o auxílio do teólogo Felipe Melanchton, Lutero redigiu o documento que fundamentou a sua doutrina. Nele, afirmava que a fé constituía a única e verdadeira fonte de salvação e que o dogma absoluto da religião reformada seria o texto das escrituras. Ele mostrava-se favorável à livre interpretação da Bíblia e a sua tradução para as línguas nacionais; ele próprio traduziu a Bíblia para o alemão. O celibato dos padres desapareceria. Haveria apenas dois sacramentos: o Batismo e a Eucaristia.

Lutero se baseou no texto da Epístola de Paulo aos Romanos 1.17 para fundamentar a doutrina da Reforma. Ali está escrito: Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: O justo viverá pela fé.

As proposições teológicas que serviram como pilares da Reforma são chamados Cinco Solas (Sola vem do latim e significa somente, apenas):

  • Sola Fide – Somente a Fé
  • Sola Scriptura – Somente as Escrituras
  • Solus Christus – Somente Cristo
  • Sola Gratia – Somente a Graça
  • Soli Deo Gloria – Somente a Deus Glória

Porque pela Graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus (Efésios 2:8).

Os reformadores lutaram e alguns foram mortos defendento uma nova Igreja, baseada na interpretação correta e fidedigna das Escrituras. Infelizmente, 500 anos depois, aqui estamos nós vendendo indulgências (barganha financeira) e relíquias sagradas (pedras, sementes, óleos, rosas  e outros).

Será que estamos precisando de uma nova Reforma? Pense nisso…

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