Dizem que certa vez, em um museu europeu, um campeão mundial de xadrez parou diante de uma pintura chamada “Xeque-Mate”. A obra retratava um jovem jogando xadrez com o diabo. O semblante do rapaz era de desespero, ele parecia derrotado. As peças à sua frente indicavam que tudo estava perdido. O diabo, por outro lado, sorria, confiante. O título da pintura sugeria o fim: xeque-mate, vitória do inimigo.

Enquanto os visitantes passavam rapidamente pelo quadro, o campeão permaneceu ali, observando em silêncio. Algo lhe chamava atenção. Após analisar o tabuleiro com olhar experiente, ele balançou a cabeça e disse:
– O título está errado. O jogo ainda não acabou. O rei ainda tem um movimento.

Essa história, cuja origem não é comprovada e que provavelmente faz parte da tradição oral ou simbólica, transformou-se em uma metáfora poderosa. E neste tempo de Páscoa, ela ganha ainda mais força.

Mas, essa história é mais que uma curiosidade, é um espelho da maior história de todas: a história da Cruz.

Naquela sexta-feira, em Jerusalém, o mundo achou que tudo havia terminado. Jesus, o Filho de Deus, foi crucificado. O céu escureceu. O povo se calou. Os discípulos fugiram. O Cordeiro de Deus, jazia na cruz.

Parecia xeque-mate.

Mas a Cruz não foi o fim. Foi o movimento final do Rei. Um movimento silencioso, doloroso e eterno.
No instante em que o sangue escorria pelo madeiro, Jesus, com Seu último suspiro, bradou: Tetelestai!

A palavra Tetelestai tem origem no grego antigo (τετέλεσται). Ela é uma forma do verbo τελέω (teleō), que significa “completar” ou “concluir”. O verbo é conjugado no tempo perfeito, indicando que algo foi completado de maneira plena e tem efeitos duradouros. O termo é muito conhecido no Novo Testamento, especialmente porque foi a última palavra dita por Jesus na Cruz, conforme registrado no Evangelho de João 19.30. Naquele contexto, Tetelestai é traduzido como “está consumado” ou “está tudo cumprido”. Essa expressão indica que a missão de Jesus estava completa, referindo-se ao cumprimento de Sua obra redentora na salvação da humanidade. É um momento de vitória, onde Ele declara que tudo o que precisava ser feito para a redenção estava finalizado.

Essa palavra não era apenas uma expressão de término. Era um grito, uma declaração de vitória espiritual.
Na cruz, a dívida do pecado foi paga completamente (Col.2.13-14).
Na cruz, a justiça foi satisfeita (Rm.3.25-26).
Na cruz, o sacrifício foi completo e definitivo (Hb.9.26).
Na cruz, o véu foi rasgado e o caminho para Deus foi aberto (Mt.27.50-51).

A Cruz foi o xeque-mate celestial. Foi o Rei movendo-se na hora exata, com amor imensurável, para selar a nossa salvação. O último movimento do Rei mudou tudo (Jo.3.16).

A Páscoa é isso. Não apenas celebração da ressurreição, mas reconhecimento do sacrifício. É lembrar que o sangue derramado foi o nosso resgate. “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis… mas com o precioso sangue de Cristo” (1 Pedro 1:18-19).

Se as dificuldades parecem intransponiveis, e você se sente cercado, derrotado e sem saída, lembre-se: O jogo não acabou. O Rei já se moveu, e Ele disse: Tetelestai.
A vitória já foi conquistada, e por causa d’Ele, nós vivemos.

A Cruz não foi o fim, mas o começo: onde a graça venceu, o resgate foi concluído e o amor eterno escreveu nossa nova história.