Prefiro ofendê-los com a verdade que matá-los com a mentira (Jan Huss).
A Reforma Protestante do século XVI mudou o cristianismo para sempre.
Por causa da decadência espiritual e moral da Igreja Católica, que estava envolvida em tarefas ilícitas e políticas, muitos sacerdotes e pensadores da época acharam por bem fazer uma reforma teológica visando voltar aos ensinamentos bíblicos.
Nesse momento o monge alemão Martinho Lutero, questionando o poder papal e seus dogmas fez o que a história chamou de Reforma Protestante, e proporcionou mudanças fundamentais na teologia e liturgia do grupo que se desligou definitivamente da Igreja de Roma.
Os reformadores foram guiados pela convicção de que a Igreja de sua época havia se afastado dos ensinamentos essenciais e originais do cristianismo, especialmente no que diz respeito ao que estava ensinando sobre a salvação, perdão de pecados, fé, graça, morte e ressurreição de Jesus Cristo e como receber a vida eterna com Deus. A Reforma procurou reorientar os cristãos para a mensagem original de Jesus.
As proposições teológicas que serviram como pilares da Reforma Protestante são as chamadas Cinco Solas. Sola, vem do latim e significa somente.
As cinco solas são:
- Sola Fide
- Sola Scriptura
- Solus Christus
- Sola Gratia
- Soli Deo Glória
Sola Scriptura
Somente a Escritura é a revelação divina e a autoridade final para questões de fé e prática religiosa.
Isso significa que tudo o que aprendemos sobre Deus e seu reino deve ser interpretado à luz das Escrituras. A Bíblia nos dá tudo o que precisamos para entender Deus, salvação e como devemos viver.
A Bíblia é inspirada pelo Espírito Santo, que também nos orienta e ajuda a seguir o que Cristo ensinou.
Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra (2 Timóteo 3.16,17).
Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração (Hebreus 4.12).
Sola Fide
Somos salvos somente pela fé em Jesus Cristo, por causa da graça de Deus. Não por nossos méritos ou declarados justos por nossas boas obras. O Pai nos concede salvação, não por causa das coisas boas que fazemos, mas por sua infinita misericórdia.
Devido a nossa natureza, somos naturalmente inimigos de Deus e amantes do mal e precisamos ser transformados para que possamos ser salvos. Deus graciosamente escolheu nos dar novos corações para que confiemos em Cristo como nosso único meio de salvação.
Sola Gratia
A salvação é um ato de graça, e somente por ela podemos ser salvos, não depende do esforço humano.
Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça (Efésios 1.7).
É somente pela graça imerecida de Deus que obtemos perdão e justificação para restaurar nosso relacionamento com Ele.
Sola Fide e Sola Gratia expressam o ensino de Efésios 2.8: Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.
Solus Christus
Cristo é o único mediador entre Deus e o homem e nossa salvação é somente através de Sua morte.
Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem (1 Timóteo 2.5).
Deus nos deu a revelação final de si mesmo, enviando Jesus Cristo.
O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação (Colossenses 1.15).
Somente através da revelação de Deus em Jesus, chegamos a um conhecimento salvador e transformador do Pai.
Soli Deo Gloria
A glória pertence unicamente a Deus. O objetivo de toda a vida é glorificar ao Criador.
Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus (1 Coríntios 10.31).
Refletindo…
Lendo sobre as razões dos reformadores e a luta que custou muitas vidas, vejo que o principal objetivo era a interpretação correta da Cruz de Cristo. Afinal, esse foi o preço pago pelo Salvador por nossa redenção. Através de Jesus o Pai se revelou, e nos deu a oportunidade de salvação.
Analisando esses cinco fundamentos, me pergunto por que quinhentos anos depois, a Igreja Reformada está em grande parte fora daquilo que a Bíblia ensina.
Infelizmente, para alguns as solas têm outra interpretação.
A Fé, não é mais para a salvação, e sim para a aquisição.
Cristo, não é mais o nome pelo qual somos salvos, mas o que é usado para declarar e manifestar os desejos do coração.
As Escrituras deixaram de ser a voz de Deus, perderam o lugar para as caixinhas de boas promessas e milagres questionáveis.
Vejamos o que o reformador Martinho Lutero escreveu sobre isso: Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias.
Que dizer da glória somente a Deus? As músicas de louvor e adoração pouco são cantadas, e não causam comoção ou fazem sucesso. O Senhor deixou de ser o objetivo de muitos cultos, e o homem agora é quem tem voz.
As canções falam dos problemas, tristezas e agonias humanas e ainda dizem ao Criador o que fazer e quando fazer. Charles Spurgeon, teólogo e pregador inglês (1834 – 1892) disse: Chegará um dia em que no lugar de pastores alimentando ovelhas, haverá palhaços alimentando bodes.
Que triste período estamos vivendo, onde os hinos viraram músicas, os cantores artistas e os pregadores fazem shows.
A Graça que salva e perdoa pecadores como eu, anda desvalorizada e a alma que precisa de cura, foi substituída pelo corpo e o conforto que ele reclama.
Hoje em dia, muitos vão à igreja procurando benefícios, mas não querem compromisso de vida com Deus. Aliás, nem conhecem o Salvador e seus atributos.
Quando vou a um serviço religioso assim, me entristeço e fico envergonhada diante de Deus, pois o culto é para cultuar, adorar, agradecer e ser alimentado com a Palavra transformadora do Evangelho, mas o que vemos passa longe disso. As mensagens são doces e vitoriosas, pecado, inferno e temas desse tipo não tem mais lugar nesses púlpitos.
Precisamos com urgência fazer o caminho de volta, uma nova Reforma se faz necessária, para que os valores bíblicos possam retornar e Deus seja novamente o centro da fé humana.
Não podemos nos esquecer que o Rei está voltando. A Igreja da atualidade está pronta para encontrá-lo?